Em solidariedade com a ACVC
O trabalho organizativo na Magdalena Medio fez com que a ACVC tivesse de enfrentar poderosos inimigos, os quais são moldados pela aliança de elites económicas regionais, terratenentes, paramilitares, empresas multinacionais e sectores políticos interessados em perpetuar o seu domínio nesta zona rica do país, excluindo aos camponeses a possibilidade de desfrutar das ditas riquezas. Sendo a ACVC e os seus membros considerados como obstáculos aos interesses da perpetuação política e económica, desencadeou-se uma contínua perseguição, a qual não é recente mas tem um novo campo de acção: o judicial.
A 29 de Setembro de 2007 foram presos Andrés Gil, Óscar Duque, Mario Martínez e Evaristo Mena, dirigentes da ACVC. Isto numa nova tentativa de desarticular a organização e entorpecer a sua luta pela obtenção de respeito pelos Direitos Humanos e condições de vida digna para os camponeses. A perseguição, hoje pela via judicial, soma-se aos assassinatos, ameaças, detenções arbitrárias, deslocações, torturas, queima de habitações, bloqueios alimentares e sanitários, que vitimaram os camponeses de Magdalena Medio e a ACVC, por parte do Estado, do paramilitarismo e das elites regionais. Estas agressões foram denunciadas em muitos cenários, tanto nacionais como
internacionais, a tal ponto que a ACVC goza de medidas cautelares emitidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Posteriormente, no passado dia 19 de Fevereiro, foram detidos Miguel González Huepa e Ramiro Ortega, dirigentes da ACVC, na zona rural do município de Remedios (Antioquia), totalizando assim seis dirigentes camponeses que estão actualmente na prisão, detidos sob acusações que são resultado do constante apontar de dedo e das montagens contra a organização camponesa.
Mas a constante perseguição por parte do exército nacional não termina com a detenção destes seis líderes da ACVC, mas elas somam-se aos assassinatos de camponeses, que ao serem executados extrajudicialmente, são apresentados como guerrilheiros. É o caso de
Miguel Ángel González Gutiérrez, que foi assassinado por efectivos do batalhão Calibío no domingo, dia 27 de Janeiro, às 17:00, quando saía da sua propriedade na aldeia de Puerto Nuevo Ité (município de Remedios, no nordeste antioquenho). Miguel Ángel González Gutiérrez é filho do líder camponês actualmente encarcerado Miguel González Huepa.
Como Colectivo Estudantil conhecedor da problemática da região, do trabalho realizado pela ACVC e pelos líderes detidos, expressamos a nossa solidariedade com a Associação Camponesa do Vale do rio Cimitarra no seu trabalho organizativo, de defesa dos Direitos
Humanos, e do acesso dos camponeses à terra; denunciamos a perseguição sistemática contra esta organização e a montagem judicial de que vem sendo vítima e sobre a qual se fundamenta a detenção dos seus integrantes e as ordens de captura emitidas contra 18 dos seus líderes.
Repudiamos o facto de que as pessoas que procuram o bem-estar dos camponeses sejam acusados de criminosos, por isso exigimos a libertação de Andrés, Óscar, Mario, Evaristo, Ramiro e Miguel, bem como a desmontagem do artifício judicial com o que agora o Estado colombiano procura acabar com a ACVC e as propostas de vida digna e desenvolvimento que esta trouxe para os camponeses da região durante mais de dez anos.