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investigandoonovoimperialismo

A canalhice final contra o povo grego

26.12.15

Como era previsível, o sistema político-mediático espanhol (incluindo o catalão) apresentou o ocorrido na Grécia e nas negociações com a Troika, com o Eurogrupo e com o Conselho Europeu como um completo fracasso do governo Syriza, que no cúmulo da sua suposta incompetência submeteu o seu povo a um grande sacrifício, a restrição de levantamento de dinheiro dos bancos, e a um referendo que, para além de inapropriado, teve um impacto contrário ao que pretendia, pois em vez de conseguir maiores concessões das instituições europeias, estas endureceram as suas posturas, exigindo inclusivamente maiores sacrifícios do que os que tinham oferecido antes de se conhecer o resultado do referendo. Foi, portanto, um desastre que resultou da incompetência do governo Syriza. O nível de hostilidade deste sistema político-mediático espanhol (incluindo o catalão) -que também apareceu com igual intensidade nos maiores meios de informação alemães- alcançou níveis nunca antes vistos contra um governo europeu. As medidas impostas pelo sistema financeiro europeu (hegemonizado pelo alemão) – e seus instrumentos políticos (a Troika, o Eurogrupo e o Conselho Europeu)– tentavam humilhar o povo grego, que foi o único que, através do seu governo, se rebelou contra o austericídio forçado por aquele sistema financeiro. Esta humilhação era apresentada ao público com satisfação e regozijo por parte dos maiores meios de informação, que alcançavam o que alguns humoristas estado-unidenses definiram sarcasticamente como um “orgasmo mediático”. Nunca tanto ódio tinha sido expresso nesses meios com tanto prazer para quem o transmite, e tanta dor para que o recebe.

tsi.jpgCartoon de Martin Sutovec, Eslováquia

 

 

A enorme manipulação dos meios

Em toda esta apresentação esqueceram-se, ainda por cima, da causa justa que o governo Syriza defendia e de alguns elementos chave para entender o acontecido, incluindo o enorme desequilíbrio de forças em tal conflito, que alcançou (como indiquei num recente artigo, “O princípio do fim desta Europa antidemocrática e injusta”, Público, 07.07.15) níveis bélicos, conflito que era parte do existente entre as elites governantes na Zona do Euro (que estão ao serviço do capital financeiro) e as suas classes populares, um conflito que o meu amigo Noam Chomsky definiu não como uma luta, mas sim como uma guerra de classes, que alcançou a sua máxima expressão na Grécia. E os grande meios de informação ao serviço dos interesses financeiros que os controlam ocultaram a maioria dos factos, ignorando, quando não ocultando, esta guerra de classes. De um lado estavam as instituições mais poderosas da Zona Euro, desejosas de destruir o partido Syriza, e assim matar o inimigo (e a expressão não é hiperbólica, pois esta era a sua intenção: destruir o inimigo e o partido Syriza, expulsando-o do governo). Este era o seu objectivo. Do outro lado estavam as classes populares da Grécia.

 

A ocultada guerra de classes

Com a finalidade de conseguir este objectivo, os dirigentes da Zona Euro, liderados pelos alemães, seguiram passo a passo o seu plano de destruição, iniciando-se este apenas algumas horas depois da vitória eleitoral do partido Syriza, quando o Banco Central Europeu, o BCE, limitou a liquidez aos bancos gregos (isto é, diminuiu drasticamente o dinheiro transferido para eles), o que foi seguido por um notável estrangulamento (dias antes de ser feito um referendo onde se ia pedir ao povo grego o seu acordo ou desacordo com as medidas impostas pelas instituições europeias), forçando o governo Syriza a introduzir a altamente impopular limitação de levantamento de dinheiro nos bancos, com a intenção de atemorizar o povo grego e mostrar as consequências de votarem contra o que desejavam aquelas instituições. E depois do referendo, o BCE continuou a limitar a liquidez, ameaçando com a sua interrupção a qualquer momento, criando assim uma paralisia bancária ao país. Em cada um destes passos, o BCE utilizou todo o seu armamento financeiro de destruição em massa para pressionar o governo Syriza. Tais medidas deveriam ter gerado grandes protestos na Zona Euro, pois o BCE estava a assumir funções que não tinha. Perante este atos ilegais e canalhas (não há outra forma de os definir), o povo grego realizou um enorme ato de valentia e coragem ao votar maioritariamente contra o sistema político-mediático europeu, sabendo o que isso poderia significar. A resposta das elites governantes na Zona Euro ao repúdio das suas propostas foi aumentar ainda mais a sua hostilidade, exigindo medidas que convertiam a Grécia num “protetorado” da troika, recuperando a fórmula política imperial que tinha deixado de existir desde o período de descolonização que se seguiu à 2ª Guerra Mundial. Uma das medidas mais humilhantes e difíceis de aceitar para o governo Syriza foi a da Grécia ter de vender o equivalente a 50 mil milhões de euros em propriedades públicas e criar com isso um fundo supervisionado pela troika, com a finalidade de pagar aos credores. Estes são os Estados da Zona Euro que tinham comprado a dívida pública grega possuída pelos bancos privados (predominantemente alemães e franceses), os quais a tinham obtido a uns juros exorbitantes e escandalosamente altos (devido em parte ao facto do BCE –que é um lóbi da banca- não ter como função proteger os Estados, como faz qualquer banco central digno do seu nome, ajudando em vez disso a banca privada). O BCE, em vez de ajudar os Estados da Zona Euro emprestando-lhes dinheiro, o que fazia era emprestar dinheiro a uns juros ridiculamente baixos aos bancos privados para que estes o emprestassem aos Estados a uns juros elevadíssimos, que no caso da Grécia alcançaram uns níveis escandalosamente altos, uma das causas da dívida pública grega ser tão elevada. Quando estes bancos privados, que tinham enriquecido enormemente à base de comprar títulos de dívida do Estado grego, sumamente rentáveis, viram que o Estado grego poderia colapsar e não lhes pagar os juros, e inclusivamente perder o principal da dívida (isto é, os títulos de dívida pública, geradores de rentabilidade), pediram aos Estados que lhes comprassem a sua dívida, evitando assim o colapso dos bancos, e isso à custa de serem os Estados agora os que passavam a ter os títulos de dívida pública, compra (na realidade, o melhor termo é resgate bancário) que os Estados fizeram sem que tivessem nenhum mandato popular para isso, pois salvar os bancos não estava nas promessas eleitorais de nenhum dos partidos governantes. E a sua população também não foi chamada a referendo para se pronunciar. A grande mentira e falsidade promovida nos meios de comunicação era apresentar esta compra de títulos de dívida pública grega (que haviam sido adquiridos em condições abusivas) como a ajuda dos povos da Zona Euro ao povo grego. Na realidade, era a ajuda das elites governantes, próximas do capital financeiro, aos seus bancos. De ajuda, a Grécia não tinha nada. E agora, nas negociações queriam que a Grécia lhes pagasse a dívida, utilizando todo o tipo de pressões para o conseguir.

 

A grande farsa de apresentar a ajuda aos bancos como um ato de solidariedade com o povo grego

Com um exercício de grande cinismo, estes Estados que haviam resgatado os bancos com dinheiro público à custa do bem-estar das suas classes populares, apresentavam agora o Syriza como o mau da fita por não querer pagar aos pensionistas europeus o dinheiro que esses pensionistas tinham emprestado aos pensionistas gregos (os quais, indicaram todos os meios de comunicação social, gozavam de uma pensão supostamente exuberante). O objetivo desta propaganda era evitar que as classes populares dos países da Zona Euro se aliassem contra os seus próprios dirigentes, liderados pelos alemães. Ler a imprensa alemã ou espanhola dá  a ideia do extremo até onde o tal sistema é capaz de manipular para dividir as classes populares, estimulando a mobilização a seu favor e em defesa do sistema financeiro. Ouvir o Ministro Guindos (o mesmo ex-banqueiro da banca mais trapaceira que já existiu, a Lehman Brothers) dizer que o governo Syriza tem que devolver o dinheiro a Espanha para que se possam melhorar as pensões, alcança dimensões vomitivas. As classes populares gregas e as espanholas viveriam muito melhor se ambos os países tivessem podido nacionalizar ou intervir na banca privada e pô-la ao serviço das suas classes populares. Mas o que alcançou uns níveis nunca antes vistos foi a exigência dos 50 mil milhões de euros, extraídos da venda de propriedade pública grega, que deverão ser pagos pelo Estado grego aos credores. A isso, para além dos cortes e da austeridade, acrescenta-se um latrocínio ao povo grego, roubando-lhe o equivalente a uns 17% do PIB grego para pagar o resgate aos bancos por parte dos Estados. Quanto às medidas de austeridade, estas aumentaram, levando a uma queda ainda maior (calcula-se que 5%) do PIB (que tinha tido uma queda de 25% em cinco anos) .Por que razão o Syriza aceitou estas exigências? A enorme negatividade contra o Syriza que apareceu nos meios de comunicação ocultava que o governo grego tinha muito pouco espaço para poder responder a esta belicosa hostilidade. E apesar disso, é notável o que também conseguiu, coisa que naturalmente e previsivelmente não apareceu nos meios de comunicação. O facto do repúdio a tais medidas impostas pela Troika tenha alcançado um nível tão elevado (uns 62%), permitiu-lhe conseguir um grau de unidade no seu país impensável antes do referendo, de forma que as propostas feitas depois do referendo eram apoiadas pela grande maioria dos partidos, para além do Syriza. Isto foi o que originou mudanças, incluindo o facto de em vez de se continuar a discutir o segundo resgate aprovado pelo governo anterior, se discutisse agora um novo resgate, de uma quantidade muito maior, que poderia alcançar 80 mil milhões, com uma promessa de iniciar o processo de reestruturação da dívida grega, embora sem especificar as condições. Outras medidas também importantes que se conseguiram foram a diminuição da exigência da Grécia ter um saldo positivo primário nas contas do Estado (isto é, ter um balanço positivo entre as receitas e as despesas, sem incluir os gastos para pagar os juros da dívida) que fosse equivalente a 4% do PIB, utilizando este saldo para pagar a dívida, o que teria causado um colapso da economia grega. O Syriza conseguiu que o saldo positivo fosse equivalente a 1% do PIB no primeiro ano, 2% no segundo ano, e 3% no terceiro ano, exigências que também seriam prejudiciais para a Grécia, pois mesmo não criando um colapso, impediriam a sua recuperação. O grande problema foi que o Syriza conseguiu melhoras, mas dentro da meta definida já no  resgate anterior. E este era o ponto fraco do novo resgate que entrava em clara contradição com o que o povo grego tinha votado. Daí que o que era oferecido à Grécia por parte das instituições europeias era mais do mesmo. O que poderia ter feito o Syriza? O poder do Syriza nas negociações estava muito limitado pelas condições que se davam aos dois lados da mesa de negociações. E uma constante por parte do Syriza era o seu desejo, refletindo o que desejava a grande maioria do povo grego, de se manter na Zona Euro. Esta era uma condição indispensável. Considerou-se, desde o princípio do seu mandato, que a saída do euro por parte da Grécia não era nem possível nem aconselhável. O próprio Ministro das Finanças na altura, o Sr. Yanis Varoufakis, tinha indicado no jornal The Guardian que “a saída da Grécia do euro, criando uma nova moeda, seria dificílima. No Iraque, a introdução de uma nova moeda durou quase um ano, com o desenvolvimento de uma enorme infraestrutura que não existe na Grécia. Daí que o anúncio da saída da Grécia do euro seria equivalente a anunciar uma desvalorização da moeda com 18 meses de antecedência. Seria uma receita para eliminar todo o capital, que abandonaria o país por todos os meios”. Indicava-se também por parte de setores da direção do Syriza que o caso da Argentina (que muitos apresentavam como ponto de referência para sair do euro) não tinha validade para a Grécia, pois a Argentina tinha a sua moeda, o peso argentino, e toda a infraestrutura para a operação no momento em que decidiu separar-se do dólar, mudando o valor da sua moeda. Mas a Grécia não tinha uma nova moeda. Perante esta situação, a única coisa que poderia ter feito o Estado grego, frente à ameaça do BCE de interromper toda a liquidez dos bancos gregos. era o que o ministro Varoufakis propôs ao Primeiro Ministro Tsipras no dia anterior ao referendo já prevendo o que iria acontecer, ou seja, nacionalizar alguns bancos gregos e intervir no Banco Central Grego, imprimir euros por parte do Banco Central Grego, emitir uma nova moeda por parte do Estado e controlar a mobilidade de capitais. Mas Tsipras não aceitou, pois temia que isso implicasse a expulsão imediata da Grécia do euro, que era o que se queria evitar por todos os meios. É interessante sublinhar que o BCE –que, como dito antes, é fundamentalmente um lóbi da banca- queria castigar o Estado grego e expulsar o Syriza do governo, mas não (como indiquei noutro artigo no jornal espanhol Público, 11.06.15) tirar a Grécia do euro. O capital financeiro alemão não desejava que isso ocorresse, em parte pela enorme instabilidade que isso criaria. Daí que nas reuniões do Eurogrupo o Sr. Mário Draghi, Presidente do BCE, inclusivamente enfrentasse o Ministro alemão das Finanças, o Sr. Wolfgang Schäuble, que não excluía tirar a Grécia do euro por um período de cinco anos. Draghi afirmou que isso criaria um grande desequilíbrio, ponto de vista partilhado mas não enunciado pela Sra. Merkel, que tinha que equilibrar o seu desejo de estabilidade financeira com a exigência do seu partido de castigar duramente a Grécia. Aí radica a origem do fundo geral de 50 mil milhões de euros (baseado na venda de propriedade pública grega) proposto pela Sra. Merkel. É importante sublinhar que os maiores aliados do governo alemão, na sua mão pesada, foram os governos espanhol, português e irlandês, pois –como diz Varoufakis na sua entrevista ao jornal New Statesman (13.07.15)– odeiam o Syriza e queriam destruí-lo, temerosos de que forças políticas anti-austeridade que existem nos seus países –como o Podemos em Espanha- beneficiassem de qualquer melhoria que pudesse conseguir o Syriza. A preocupação do governo Rajoy frente ao Podemos, tal como informa Varoufakis, esteve por trás do seu apoio às propostas alemãs. E agora? O que se passou nestes dias terá um enorme impacto na Zona Euro. A Europa nunca será a partir de agora como foi antes. A Europa, ponto de referência mundial para aqueles que desejam viver em países democráticos e justos, desapareceu. O repúdio a esta Europa neoliberal, antidemocrática e reacionária, ao serviço do capital financeiro, estendeu-se ao longo do seu território, e criou-se uma nova situação que abre toda uma série de oportunidades. Os factos mostraram com uma enorme claridade que o governo alemão da Sra. Merkel domina o Eurogrupo e dita as suas políticas, e fá-lo pensando única e exclusivamente nos seus interesses de classe. E digo de classe porque a classe trabalhadora alemã é uma das suas vítimas (merece destacar-se, certamente, o apoio valente das esquerdas alemãs, do Die Linke e dos sindicatos alemães, às exigências anti-austeridade  gregas). A crueldade e dureza das medidas, apoiadas por uma mobilização mediática que também temos visto em Espanha (com tons claramente racistas, menosprezando o povo grego e os seus governantes), recorda situações anteriores na sua história, tanto na Alemanha como na Espanha. Não se pode esquecer que os que governam Espanha, o PP, são os herdeiros daquelas forças que se ergueram contra uma democracia, vencendo (apesar da enorme resistência das classes populares de todos os povos e nações de Espanha) graças ao apoio das forças nazis alemãs, que dominaram e oprimiram muitos outros povos europeus, incluindo a Grécia, assassinando, destruindo e roubando aquele país, sem que o Estado alemão, sucessor do Estado nazi, tenha pago nenhuma reparação às vítimas de tanta opressão naquele país (ver o meu artigo “Os custos do nazismo alemão para a Grécia (e para Espanha)”, Público, 24.03.15). E para maior indignação, ao Estado alemão, que, no final, foi derrotado, foi-lhe perdoada mais de metade da dívida pública perante os credores estrangeiros no ano de 1953, permitindo-se que pagasse a outra metade da dívida em trinta anos e só em períodos de crescimento. A Grécia, que foi um dos Estados que lhe perdoou a dívida, é agora o país ao qual o Estado alemão, herdeiro daquele outro de 1953, não deixa que se lhe permita conseguir o mesmo que foi permitido à Alemanha por parte dos aliados, incluindo a Grécia. Nunca historicamente se tinham visto exemplos de maior falta de nobreza e de vergonha e merecedores de condenação pela sua imoralidade, como o comportamento do Estado alemão e dos meios de informação alemães relativamente à Grécia. O que aconteceu reabriu as feridas que pareciam estar fechadas. Hoje o governo alemão, aliado com os sistemas financeiros em cada país, é visto como o centro de um poder que é profundamente antidemocrático e antissocial. Existe uma aliança das elites governantes na Zona Euro, as castas que representam os interesses económicos e financeiros dominantes, que não têm limite na sua hostilidade em relação às classes populares e ao mundo do trabalho de cada país, incluindo o grego. É, repito, o que Noam Chomsky definiu acertadamente como a guerra de classes. Ora bem, há também motivos de grande esperança. O enorme sacrifício do povo grego não será em vão. Hoje a Europa está cheia de movimentos de protesto e de repúdio contra esta Europa mesquinha, antidemocrática e profundamente injusta. E já vemos algumas brechas no edifício que sustenta o império alemão. Não pode descartar-se que se estabeleçam divisões na estrutura de governo da Zona Euro, com possíveis tensões com a França e Itália, que já apareceram, mas que foram totalmente insuficientes para questionar o domínio e hegemonia do governo alemão. Mas o que é mais urgente é que as classes populares –através de movimentos sociais e sindicais, e partidos políticos- estabeleçam laços de cooperação e associação para parar as medidas de austeridade, estabelecendo as bases para uma mudança profunda desta Europa reacionária para uma outra Europa justa e democrática. E a estratégia de mudança deveria ir mais além do debate “euro sim” ou “euro não”, alterando a governação desta moeda e de toda a Zona Euro, com alianças, a nível europeu, que possam já expressar um "Já Basta", com uma petição e exigência de mudanças democráticas em cada um dos países da Zona Euro, como está a ocorrer hoje em Espanha. Estou consciente de que esta expressão poderá ser vista como um desejo inalcançável, mas quem teria dito que em Espanha, há um ano, iriam ocorrer as mudanças que ocorreram nas últimas eleições municipais, que foram, nem mais nem menos, um tsunami político, e que mudaram toda a Espanha e toda a Europa? Na realidade a hostilidade dos dirigentes europeus, liderados pelo governo alemão, contra as classes populares gregas era uma mensagem que tentava atemorizar as classes populares espanholas. Uma última observação. Não é novidade dizer que a situação em Espanha é distinta da grega, e que portanto as soluções para cada país são distintas. A tentativa de apresentar o partido políticos espanhol Podemos como o Syriza espanhol é mais um indicador de uma manipulação, confundindo a necessária e nobre solidariedade do Podemos com o povo grego e com o seu melhor representante, o Syriza, com o desenvolvimento das suas políticas, que necessariamente serão distintas, posto que as realidades que refletem são muito diferentes. Hoje na Grécia não vimos ainda o final, mas sim o início, de um processo de mudança que terá impacto em toda a Europa, ajudando todas as forças neste continente que se opõem ao enorme austericídio que tem sido imposto e que tantos danos causou ao povo grego e espanhol.

 

Texto de Vicenç Navarro publicado em Blogs.Público.Es a 16 de Julho de 2015. Tradução de Alexandre Leite.


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